A cibersegurança na indústria não pode ser deixada para depois. Descubra as principais causas das falhas e como proteger seus ativos críticos para garantir eficiência e segurança na era digital
Por Que a Cibersegurança Fala Tão Alto na Indústria – e Onde Ela Mais Falha?
A digitalização no setor industrial já é uma realidade consolidada. Sistemas que antes operavam de forma isolada agora estão cada vez mais conectados, integrando o chão de fábrica à nuvem, à análise de dados e a plataformas de gestão em tempo real. Esse avanço trouxe ganhos significativos em eficiência e competitividade — mas também abriu portas para novos riscos. Em meio a esse cenário, a cibersegurança deixou de ser um tema exclusivo da TI e passou a ocupar um lugar estratégico nas discussões de diretoria. O problema é que, enquanto a conectividade avança, os ataques cibernéticos também evoluem. E muitas empresas ainda não estão preparadas para lidar com esse novo tipo de ameaça.
Mas por que, afinal, a cibersegurança falha tanto na indústria? A resposta não está apenas na tecnologia, mas em uma série de decisões estratégicas, culturais e operacionais. Como CTO e especialista em segurança cibernética, compartilho aqui os principais motivos que tornam o ambiente industrial especialmente sensível a ataques cibernéticos – e o que pode (e deve) ser feito para mudar esse cenário.
1. Ambientes OT Legados e Desatualizados
Grande parte das operações industriais ainda depende de tecnologias legadas como PLCs, SCADA e DCS, muitas vezes sem atualizações de segurança e com arquiteturas que não foram projetadas para estar conectadas à internet. Esses sistemas, por não terem sido concebidos com a segurança em mente, se tornam alvos fáceis quando integrados ao ambiente corporativo ou à nuvem.
2. Falta de Segmentação de Rede entre IT e OT
É comum encontrar ambientes industriais onde redes de TI (Information Technology) e OT (Operational Technology) estão interligadas sem qualquer segmentação ou controle granular. Isso significa que, se um ataque comprometer a rede corporativa, ele pode se mover lateralmente até atingir sistemas de produção — muitas vezes sem ser detectado a tempo.
3. Ausência de Monitoramento Contínuo
Muitas indústrias ainda operam de forma reativa, com foco exclusivo em produtividade. Soluções de monitoração contínua, como SIEM, IDS/IPS ou plataformas específicas para OT, ainda são escassas. O resultado: ataques permanecem invisíveis por longos períodos, sendo detectados apenas quando causam falhas operacionais graves.
4. Falhas Humanas e Engenharia Social
O fator humano continua sendo uma das principais portas de entrada para ataques. Campanhas de phishing e engenharia social exploram funcionários pouco treinados, sem consciência de cibersegurança. A ausência de programas de educação e cultura organizacional voltada à segurança amplia o risco.
5. Governança Inexistente ou Ineficiente
Sem uma política clara de cibersegurança, muitas empresas operam no escuro. Falta de controle de acessos, ausência de planos de resposta a incidentes, inexistência de inventário de ativos e vulnerabilidades não gerenciadas são sintomas comuns de uma governança falha — ou simplesmente inexistente.
6. Dispositivos Conectados sem Avaliação de Risco
A adoção do IIoT (Industrial Internet of Things) trouxe eficiência e dados em tempo real para o chão de fábrica. No entanto, muitos desses dispositivos são implantados sem avaliação de risco, sem autenticação forte, sem criptografia e sem gerenciamento contínuo. Cada novo dispositivo é uma nova porta de entrada em potencial.
7. Subinvestimento em Segurança
Por fim, a segurança cibernética ainda é vista, em muitos conselhos, como um custo – e não como um investimento em continuidade operacional. Em vez de prevenir, muitas empresas só reagem após um incidente, geralmente com custos muito mais altos do que seria investir em prevenção.
E Agora? O Que Fazer?
A resposta está na integração entre os mundos da TI e OT com foco em resiliência, visibilidade e cultura de segurança. Isso passa por:
Inventário e controle de ativos;
Monitoramento contínuo e resposta a incidentes;
Segmentação de redes e aplicação do modelo Zero Trust;
Educação e conscientização dos colaboradores;
Avaliação constante de risco na implantação de novas tecnologias.
A cibersegurança industrial precisa ser tratada como parte essencial da operação – tão estratégica quanto o maquinário ou os sistemas de produção. Em tempos de ameaças digitais sofisticadas, proteger os ativos críticos da indústria é proteger seu futuro.